ESTUDO DO IBICT e METAS ABUSIVAS!
Colegas,
O coletivo Mudança e Renovação teve acesso ao “Relatório Final: ORGANIZAÇÃO E DISSEMINAÇÃO
DE METODOLOGIA DO INSS DIGITAL”, o presente estudo foi produzido pelo Instituído
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT, integrante da
estrutura do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, em 12
de dezembro de 2018 ocorreu o encerramento do projeto e a entrega dos produtos
ao INSS conforme informação no site do IBICT (VEJA AQUI),
o projeto de pesquisa teve como intenção “sistematizar a metodologia de
atendimento proposta pelo projeto INSS Digital e contribuir com a disseminação
dessa metodologia nas unidades de atendimento do INSS selecionadas para a
aplicação do projeto de pesquisa” e
mapeou “tempo médio necessário para a realização dos processos
levantados, além de um estudo de cronoanálise dos processos em cada
setor do INSS, entre outros fatores. Também foram elaboradas as diretrizes para
a replicação do projeto nas unidades de atendimento do INSS e foi desenvolvida
a biblioteca digital de procedimentos do INSS”.
Por diversas ocasiões solicitamos
os estudos para o INSS em virtude do seu caráter público e da sua extrema
importância para população e aos servidores do INSS e na última audiência no
INSS em 07 de junho (VEJA AQUI) “Reiteramos
o pedido para que o INSS forneça o estudo produzido pelo Instituto Brasileiro
de Informação em Ciência e Tecnologia – IBCIT, justamente porque o objetivo do
mesmo foi aferir ritmos e processos de trabalho à luz das novas modalidades
tecnológicas implementadas no Órgão. O representante da DIRAT informou que não
havia recebido a versão final dos estudos, e que não via óbice ao fornecimento
assim que se apropriassem do mesmo”. Porém até o presente o estudo não
foi apresentado as entidades da categoria e aos servidores do INSS.
Abaixo segue os pontos que
destacamos do relatório final da pesquisa, bem como orientamos aos trabalhadores
a leitura atenta aos dados produzidos e as análises apresentadas:
1. “Aparentemente, mais de 1700 unidades do
Instituto não conseguem suprir a necessidade da população de forma satisfatória. O
INSS constatou que dessas unidades, 25% operam com até 5 servidores e tem sido
apontado como insuficiente para fazer frente a demanda crescente.
Adicionalmente, a lentidão na contratação de novos servidores, bem como a
necessidade de treinamento do quadro atual de recursos humanos em tecnologias,
que auxiliariam a capacidade produtiva do Instituto, agravam o cenário atual”
(Relatório Final: ORGANIZAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DE METODOLOGIA DO INSS DIGITAL”,
p. 07).
O Estudo identifica o aumento
crescente da demanda, a escassez de servidores capacitados e a diminuição do
quadro de pessoal que consequentemente resultam em deterioração na prestação de
serviços. Esse quadro pode ser agregado ao déficit do parque tecnológico
do INSS que conforme o Relatório GT MODELO DE MENSURAÇÃO DA GDASS “Atualmente
aproximadamente 65% dos links de conexão à internet são de 512 kbps. Com isso,
os sistemas apresentam significativa lentidão, instabilidade,
indisponibilidade, erro de processamento, sendo esses pontos alvos de muitas
reclamações e chamados no Sistema de Chamados da Dataprev (SDM - Service Desk
Manager). Os computadores também podem estar tornando-se obsoletos, vez que as
últimas aquisições são de 2010 e 2013”.
2. Objetivo Geral: Sistematizar a
metodologia de atendimento proposta pelo projeto INSS Digital e contribuir com
a disseminação desta metodologia frente às unidades de atendimento do INSS
selecionadas para a aplicação piloto. Objetivos
Específicos: a) Contextualizar situação das 12 unidades de atendimento
selecionadas durante o projeto; b) Levantar fatores essenciais para o sucesso
do projeto INSS Digital; c) Elaborar diretrizes para replicação do projeto nas
outras unidades de atendimento do INSS; d)
Desenvolver biblioteca digital de procedimentos do INSS. (Relatório
Final: ORGANIZAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DE METODOLOGIA DO INSS DIGITAL”, p. 10).
3. Metodologia da pesquisa: trata-se de uma
pesquisa por amostragem que selecionou 12 APS (Agencias das
Previdência Social) das seguintes cidades: Belém, Belo Horizonte, Canoas,
Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Joinville, Niterói, Petrópolis, São Paulo e Senhor
do Bonfim, que durou aproximadamente três meses, as unidades da amostragem
foram estabelecidas pelo INSS e nesse sentido como aponta a pesquisa
“não se trata de amostra probalística”. Nesse ponto observamos que a amostra
foi selecionada a partir de unidades de trabalhos ideais, ou seja, unidades em
que não há déficit, limitações de funcionamento e tecnologia precária, nesses
termos a amostra trabalhou com “tipo
ideal de unidade” e dessa forma ao nosso entender comprometendo os
resultados e o diagnóstico e contexto real do INSS. Nesses termos trata-se de
pesquisa em ambiente controlado sem ou baixa variáveis.
4. A pesquisa utilizou-se da CRONOANÁLISE: “O
estudo dos tempos, em conjunto com o estudo dos movimentos e métodos, forma a
tríade de técnicas de análise de operações de uma tarefa, e tem como propósito
eliminar quaisquer elementos desnecessários a uma operação e determinar a
maneira mais eficiente de executá-la. A cronoanálise, como também é conhecido
o estudo dos tempos, é uma forma estatística de mensurar o trabalho e, por
meio dela, é possível definir o fluxo produtivo mais adequado para cada
empresa, de forma a otimizar o tempo útil disponível de seu dia de trabalho
(RUSSI; CARDOSO; BASTOS, 2016), fazendo com que seja possível também
estabelecer o tempo padrão da capacidade produtiva (PEINADO; GRAEMI,
2007). O tempo padrão deve ser visto
como o tempo necessário para uma pessoa qualificada e bem treinada,
trabalhando em ritmo normal, executar uma tarefa especificada. Ademais, o tempo
padrão deve incluir o tempo gasto com paradas para descanso devido à fadiga e
com necessidades pessoais”. (Relatório Final: ORGANIZAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DE
METODOLOGIA DO INSS DIGITAL”, p. 20, grifo nosso)
5. Na CRONOANÁLISE foram selecionados 11
tipos de benefícios: B21 – Pensão por morte; CTC – Certidão por tempo de contribuição; B25
– Auxílio reclusão; B42 –Aposentadoria por tempo de contribuição e especial;
B32 – Auxílio doença; B98 –Benefício assistencial ao trabalhador portuário;
B41R – Aposentadoria por idade rural; B41U – Aposentadoria por idade urbana,
hídrica ou LC142; B80 – Salário maternidade; BPC – Benefício de prestação
continuada; PA – Pensão alimentícia.
6. RESULTADOS: a pesquisa apresenta diversas
tabelas com medições através da CRONOANÁLISE e foram analisados 1.573
processos\benefícios, na oportunidade apresentaremos: a) Análise do tempo
de trabalho – Processos Finalizados Deferidos
Tabela - Análise
do tempo de trabalho – Processos Finalizados: medidas descritivas e intervalos de confiança do tempo de duração (em minutos), conforme benefício
A tabela pode ser analisada por
diversos ângulos ao que tange a sua aplicação, para exemplificar iremos
ilustrar uma hipótese que iremos qualificar de “mundo ideal e mágico”, que é aquele em que as unidades de trabalho se encontrem em perfeito funcionamento, com conexão à internet rápida, sem
variáveis de instabilidade de sistemas, com equipamentos adequados, servidor capacitado e
treinado para a análise de qualquer benefício, etc. Por exemplo na amostragem em questão se considerarmos a média dos 11 benefícios, teríamos uma média de 50,15 min, sabe-se que não é adequado aplicar esse tipo de métrica em virtude da particularidade de cada benefício em seu processo de trabalho. Mas dando continuidade à “fantasia” pode -se trabalhar com o cenário hipotético de unidades de trabalho em perfeito funcionamento, com conexão à internet rápida, sem variáveis de instabilidade de sistemas, servidor capacitado e treinado para a análise de qualquer benefício, etc.
treinado para a análise de qualquer benefício, etc. Por exemplo na amostragem em questão se considerarmos a média dos 11 benefícios, teríamos uma média de 50,15 min, sabe-se que não é adequado aplicar esse tipo de métrica em virtude da particularidade de cada benefício em seu processo de trabalho. Mas dando continuidade à “fantasia” pode -se trabalhar com o cenário hipotético de unidades de trabalho em perfeito funcionamento, com conexão à internet rápida, sem variáveis de instabilidade de sistemas, servidor capacitado e treinado para a análise de qualquer benefício, etc.
Nesse cenário “mágico” um
servidor (a) produziria em média por dia 5 processos, em uma jornada
de trabalho de 6 horas, já considerando o tempo de fadiga inerente a
qualquer processo de produção e em 22 dias teríamos 110 processos.
Na hipótese apresentada acima de “mundo
ideal e mágico” é utilizado a média simples, utilizada em estudos estáticos,
porém destacamos o que segue: “Existem outras considerações que entram na
escolha de um teste estatístico. Nessa escolha, precisamos considerar a maneira
com que a amostra de escores foi extraída, a natureza da população da qual a
amostra foi extraída, a particular hipótese que desejamos testar e o tipo de
mensurações ou escalonamento que foram empregados nas definições operacionais
das variáveis envolvidas, isto é, nos escores. Todos esses aspectos entram na
determinação de qual teste estatístico é ideal ou mais apropriado para analisar
um particular conjunto de dados de pesquisa”. (SIEGEL, 1977, p. 39)[1]
Nessa esteira o uso da média
simples, nem sempre é a melhor forma de mensuração, sendo assim pode se utilizar a média ponderada (VEJA AQUI)
que traz a possibilidade de realizar a média dando a importância de cada situação,
e atribuir pesos, aproximando a cada situação.
A hipótese apresentada acima nos
remete a questão do sistema de pontuação estabelecido pelo INSS de 90 pontos,
que ao tudo indica trabalha com um “mundo ideal e mágico”.
Enfim o estudo adverte: “Com
base nisso, sabe-se que adotar critérios puramente estatísticos podem elevar os
custos sobremaneira e inviabilizar a pesquisa. Assim, nesse momento de decisão,
é admissível que os gestores, que conhecem o negócio e a heterogeneidade dos
elementos que compõem a amostra, utilizem a experiência e conhecimento
adquiridos com a labuta diária no segmento pesquisado para a escolha dos
elementos da amostra, mas sem perder de vista de que não se trata de amostra
probabilística. Dito isso, ressalta-se que tanto a escolha dos processos que
foram mapeados quanto as APS’s pré-selecionadas para a execução do projeto de
pesquisa foram previamente selecionadas por critérios que atenderam à
conveniência e experiência do próprio Instituto”. (Relatório Final:
ORGANIZAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DE METODOLOGIA DO INSS DIGITAL”, p. 109).
O estudo ainda possui o ANEXO 01 (VEJA AQUI) que possui desenho
de fluxos e problemas identificados e sugestões de melhorias apresentadas
pelos servidores que merece atenção, leitura e que deveriam ser implementados
pelo INSS.
Considerando as alterações nos
processos e fluxos de trabalho do INSS em curso, bem como a imposição de metas
inexequíveis como a pontuação de 90 pontos que não é expressão da real
capacidade de produção do INSS e sim expressão de um “mundo ideal e mágico”, sendo urgente que a categoria se organize e encontre formas de mobilização para que Direção Central do INSS
reveja a pontuação estabelecida e negocie com os trabalhadores métricas
exequíveis, visto que o regime de pontuação foi atrelado a nossa
gratificação conforme publicado nesse blog “ALERTA: ALTERAÇÃO DO IMA-GDASS PARA
O ITC-GDASS. ENTENDA A QUESTÃO!” (VEJA AQUI).
Mudança e Renovação
....
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- QUEM SOMOS
[1]
SIEGEL, Sidney. Estatística
não-paramétrica (para ciências do comportamento). São Paulo: Mcgraw Hill do
Brasil, 1977.